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23 outubro 2007

O colar de turquesas azuis

O homem por detrás do balcão olhava a rua de forma distraída enquanto uma garotinha se aproximava da loja. Ela amassou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os seus olhos da cor do céu brilharam quando viu determinado objeto. Ela entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesas azuis, então disse ao balconista:"É para minha irmã, você pode fazer um pacote bem bonito ?"
O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou:"Quanto dinheiro você tem ?"
Sem hesitar ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão e disse: "Isso dá, nãodá ?"
Era apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa.
" Sabe ", continuou, "eu quero dar este presente para minha irmã mais velha. Desde que nossa mãe morreu ela cuida de mim e não tem tempo para ela . Hoje é aniversário dela e tenho certeza que ela ficará feliz com o colar que é a cor dos olhos dela".
O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita azul.
"Tome", disse para a garotinha, "Leve com cuidado".
Ela saiu feliz saltitando pela rua abaixo. Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem de cabelos loiros e maravilhosos olhos azuis adentrou na loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e interrogou?"Este colar foi comprado aqui ?"
"Sim senhora", respondeu o dono da loja.
"E quanto custou ?"
"Ah!", falou o lojista "o preço de qualquer objeto em minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente"
"Mas minha irmã tinha somente algumas moedas. E este colar é verdadeiro, não é ? Ela não teria dinheiro para pagar por ele".
O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e devolveu à jovem dizendo: "Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar. Ela deu tudo que tinha".
O silêncio encheu a pequena loja e lágrimas rolaram pela face da jovem enquanto suas mãos tomavam o embrulho.
A verdadeira doação é dar-se por inteiro, sem restrições.

Autor desconhecido

COMPROMISSOS ASSUMIDOS

"O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir."- Jesus. (Marcos, 10:45.)
Estamos aqui para colaborar na Seara do Mestre, dizia-me um certo amigo, todas as vezes em que eu lhe indagava sobre suas atividades na Instituição que este freqüentava, todavia, alegava que estava com muitos compromissos no trabalho e em casa, e que no momento não dispunha de muito tempo para as tarefas espíritas, mas assim que as coisas folgassem...
Muitos irmãos ao chegarem pela primeira vez à Casa Espírita, ficam deslumbrados, empolgados com as realizações ali presentes. A palestra edificante, as orientações do plano mais alto, chamam à atenção ao trabalho nobilitante e regenerador, e de pronto assumem ou prontificam-se a colaborar em qualquer setor da Casa, querem fazer tudo, "mostrar serviço", tomam para si várias tarefas, assumem diversos compromissos, pois transpiram boa vontade e desejam trabalhar,
Se convidados ao estudo aceitam de imediato, pois a sede de esclarecimento é muito grande, no entanto é a freqüência e a participação que revela o verdadeiro interessado. Quando o assunto então é mediunidade, deixam à mostra a grande ansiedade por uma oportunidade em um grupo mediúnico, seja na esperança de manter contato direto com algum ente querido que já partiu, ou mesmo para que possam ser veículos de transmissão de mensagens esclarecedoras provenientes de Espíritos de escol, poucos ainda são os que buscam estes grupos, na simples intenção de prestar auxílio aos Espíritos sofredores.
Porém, já diz a sabedoria popular que, "o tempo é o senhor da razão", a prova disso é que alguns meses depois de toda essa empolgação, estes irmãos sentem-se arrefecidos pelo desânimo que as dificuldades do dia-a-dia os impõe e começam a faltar aos compromissos assumidos na Seara Espírita, já não dispõem mais da mesma disposição inicial, os compromissos familiares e sociais reclamam-lhes a presença, e a falta de tempo torna-se a desculpa mais cômoda para o afastamento do trabalho com Cristo.
Alguns percebem, outros não, o quanto é difícil desenvolver consciência espírita aliada à capacidade de planejamento, a empolgação inicial que os leva a assumir mais tarefas do que podem abraçar, redunda no afastamento da Casa, e quando indagados sobre o motivo do "sumiço", alguns chegam a responder sem rebuços que agora são "espíritas free lancers", ou seja, visitam um Centro ou outro de vez em quando sem compromisso com a casa, mas com a causa.
A Doutrina Espírita não requer de nós dedicação em tempo integral, no que tange ao desenvolvimento de tarefas dentro do Centro, pois temos as nossas obrigações sociais e familiares, também não é objetivo da Doutrina Espírita o profissionalismo religioso, em contrapartida os Espíritos pedem responsabilidade naquilo que assumimos, pois o envolvimento com as realizações a que nos propomos transcende ao aspecto material da questão. Há por parte da espiritualidade maior, uma preparação antes da realização de qualquer tarefa no campo do auxílio, que obviamente conta com a anuência do Cristo, portanto a ausência não reflete apenas no trabalho em si, mas no chamado do Mestre Jesus, daí a necessidade de equacionarmos melhor o nosso tempo, visto que sempre dispomos de espaço para o trabalho na Seara do Mestre.
(Publicado na revista O Espírita n. 93 jul/set , 96 )