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03 junho 2007

QUANTO PIOR, MELHOR

Ao sintetizar os mandamentos de Moisés, resumindo-os na frase “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, Jesus ensinou o caminho para a paz do mundo e “salvação” de todas as criaturas.
Octávio Caúmo Serrano – Revista Internacional de Espiritismo – Maio de 2001

A dificuldade para que cheguemos a esta prática é o desconhecimento que temos de nós e a pouca fé que faz que não amemos nem a nós mesmos.

Uma pessoa aflita, ansiosa, insatisfeita, desconfiada, medrosa, produz suas doenças. Isto não é amar-se. Como são atitudes originadas do egoísmo, é, pois, inútil imaginar que alguém nessas condições possa amar o próximo, pois, para isso, precisa do desprendimento.

Buscamos sempre a paz na Terra, mas erramos em imaginar que pelo fato de os países não usarem armas atômicas, químicas ou nucleares, a paz chegará ao planeta. O processo, porém, não é de desarmamento de exércitos ou de organização políticas e sociais, mas de desarmar pessoas. Não desarmá-las das armas brancas ou de fogo, mas da calúnia, da ofensa, da agressividade, da ganância, das atitudes violentas em geral, que mutilam espíritos mais do que armas que destroçam corpos.

Temos buscado a paz por meio de músicas místicas para meditação, por desfiles quando nos cobrimos de branco, como pombas. Mas, por debaixo do uniforme alvo, está uma alma enegrecida, que nada tem a ver com o comportamento fortuito daquele instante. A alegria, a colaboração, a mansidão, a fé terminam na passeata.

Não é lógico imaginar que alguém vá construir a paz e depois convidar-nos a fazer parte dela. Quem chegar a esse nível alcançará a paz para si próprio, porque é tarefa individual e ninguém conquista no lugar do outro. Só desfrutaremos o que verdadeiramente construirmos.

Em “O Livro dos Espíritos”, a partir da questão 913 – O Egoísmo – temos lúcidas orientações. No final da questão 916 ele nos conduz à de número 784, onde os espíritos dizem que é preciso que o mal chegue ao excesso para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas. Na questão seguinte, 785, diz que os maiores obstáculos para o progresso do mundo são o egoísmo e o orgulho, que impedem o progresso moral.

Estamos em pleno Apocalipse, ainda ameno quando comparado ao que deverá acontecer. Temos gastrite, mas não cuidamos da mente nem do estômago, o que nos levará à ulceração. Somos hipertensos e não controlamos a pressão. Caminhamos, assim, para o Acidente Vascular Cerebral. Reclamamos que tudo vai mal, mas não contribuímos para melhorar nada.

Vivemos fechados em nossos castelos, gradeados, vigiados, segurados, enquanto a maioria colhe o alimento no lixo. Ficamos impedidos para gozar inclusive o que nos é de direito porque, pela divisão malfeita, acabamos vítimas também dessa desigualdade.

Pouco a pouco vamos descobrindo a sabedoria do Evangelho e entendendo a lógica de Jesus. Ele não profetizou, porque isso é obvio. Quem o compreende sabe que não termina certo o que começa errado. Há vinte séculos Ele recomendou um comportamento que ainda hoje os divulgadores da Boa Nova repetem. Não avançamos quase nada no sentido de ajudar-nos mutuamente. Continuamos extremamente egoístas.

No título deste texto, “quanto pior, melhor”, repetimos o que muitas vezes dizemos a amigos que se surpreendem com a nossa afirmação. Enquanto seqüestrarem pessoas comuns, os homens do poder ficarão acomodados. Mas quando atingir suas famílias, estes buscarão mecanismos de defesa. Enquanto houver espaço e os carros continuarem circulando, o congestionamento vai infernizar a vida das pessoas. Mas quando tudo pare, os responsáveis se darão conta de que é necessário um transporte coletivo limpo, eficiente, ágil para que os carros particulares diminuam na rua. Deixem de atravancar e de contaminar o ar que respiramos.

As rebeliões nas cadeias, nos Institutos de Menores, as quadrilhas que invadem cidades, como nos filmes de faroeste, são sinais da incapacidade dos poderes de controlar a ordem e manter a sociedade em harmonia. Hoje temos medo de ir à rua e também de ficar em casa. Somos assaltados no lar, no ônibus, no semáforo, no saque eletrônico, com obstáculos nas estradas, e outros mais. A imaginação dos maus espíritos – encarnados e desencarnados – não tem limites.

A mídia exibe homens sem moral, corruptos, e mulheres depravadas que se vendem barato. Os valores mesquinhos invadiram nossas vidas. Temos que compreender que é preferível ter menos do que ficar impedidos de usar o que temos. Espiritualmente estamos parados. Estamos ainda dormindo e só impactos violentos poderão despertar-nos.

Ainda haverá dias piores, até que não haja saída. A enfermidade crônica terá de tornar-se aguda. Já não poderá ser sedada com paliativos ou placebos. Precisará de cirurgia para a extirpação do mal. Nesse dia haverá solidariedade no planeta.

Aproxima-se a hora do conserto. Os que são bons não podem ser vítimas dos que são maus. Os espíritos nos ajudam como podem, suavemente ou com violência, se essa é a única linguagem que entendemos. Fazem como os pais que, diante do fracasso do diálogo, partem para a palmada, apesar de fazê-lo com amor e na hora certa. Por isso adoecemos, inclusive pelos alimentos. A vaca-louca, a febre aftosa, o mal de Recife, que mata as fruteiras, e tantos outros. As doenças erradicadas que voltam. A tuberculose está outra vez entre nós. Menos mal que a AIDS está freando a promiscuidade. Temos que despertar de alguma forma, apesar de que os recados que nos chegam parecem castigos.

Quanto pior, melhor, para que as providências surjam de todos os lados. E não falamos apenas dos que têm dinheiro. Falamos de todos, porque entre as pessoas pobres há egoístas, orgulhosos e prepotentes. Sujamos as ruas, os rios, os mares, o ar. Há pessoas malvadas que roubam não só pela miséria, mas porque são sádicos e sentem prazer em maltratar suas vítimas. Tudo isto está adiando o tempo da paz que um dia, seguramente, chegará. Menos pelos nossos méritos e mais porque DEUS é amor. O bem sempre prevalece. Lamentavelmente, não estamos ajudando para que ele chegue mais depressa. O pior é que o prejuízo é para todos.

Estamos seguros de que se for necessário que o episódio dos exilados de Capela se repita, isto acontecerá por amor aos escolhidos.
- Colaborador: Vicente Gayoso

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