O segredo da felicidade humana reside na habilidade de saber renunciar na ocasião precisa
“Renunciar por amor ao Cristo é perder as esperanças da Terra,
conquistando as do Céu.” - Emmanuel[1]
conquistando as do Céu.” - Emmanuel[1]
Ao mesmo tempo em que Jesus recomenda aos homens a renúncia aos bens deste mundo, prometendo-lhes os do Céu, ele afirma[2]: “Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra”.
Para tirar-nos desse aparente paradoxo, só mesmo Allan Kardec! Vejamos o que nos ensina o nobre Mestre Lionês[3]:
“(...) Enquanto aguarda os bens do Céu, tem o homem necessidade dos da Terra para viver... Apenas, o que Jesus recomenda ao homem, é que não ligue a estes últimos mais importância do que aos primeiros. Por aquelas palavras quis o Mestre dizer que até agora os bens da Terra são açambarcados pelos violentos, em prejuízo dos que são brandos e pacíficos; que a estes falta muitas vezes o necessário, ao passo que outros têm o supérfluo... Promete que justiça lhes será feita, assim na Terra como no Céu, porque serão chamados filhos de Deus.
Quando a Humanidade se submeter à Lei de Amor e Caridade, deixará de haver egoísmo; o fraco e o pacífico já não serão explorados, nem esmagados pelo forte ou pelo violento. Tal será a condição da Terra, quando, de acordo com a Lei do Progresso e a promessa de Jesus, se houver tornado um mundo ditoso, por efeito do afastamento dos maus”.
“E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto e herdará a Vida Eterna”.
Para elucidar esse outro aparente paradoxo de Jesus, socorramo-nos, desta vez, na indiscutível sabedoria de Emmanuel1:
“Neste versículo do Evangelho de Mateus, o Mestre Divino nos induz ao dever de renunciar aos bens do mundo para alcançar a Vida Eterna. Há necessidade, proclama o Messias, de abandonar pai, mãe, mulher e irmãos do mundo; no entanto, é necessário esclarecer como renunciar: Jesus explica que o êxito pertencerá aos que assim procederem por amor de Seu nome. À primeira vista, o alvitre divino parece contraditório contrassenso, pois, como podemos olvidar os sagrados deveres da existência, se o Cristo veio até nós para santificá-los?! Nos tempos antigos, os discípulos precipitados não souberam atingir o sentido do texto. Numerosos irmãos de ideal recolheram-se à sombra do claustro, esquecendo obrigações superiores e inadiáveis.
Fácil, porém, reconhecer como o Cristo renunciou: Aos companheiros que O abandonaram, aparece, glorioso, na ressurreição; e não obstante as hesitações dos amigos, divide com eles, no cenáculo, os júbilos eternos. Aos homens ingratos que O crucificaram, oferece sublime roteiro de salvação com o Evangelho e nunca se descuidou um minuto das criaturas... E um dia, Ele renunciou ao Seu Jardim de Estrelas para encarnar nas sombrias estâncias de um planeta de provas e expiações...
Observemos, portanto, o que representa renunciar por amor ao Cristo: É perder as esperanças da Terra, conquistando as do Céu. Isso se encontra insofismavelmente exarado no Evangelho de Mateus, capítulo seis, versículos dezenove e vinte, onde lemos: “Não ajunteis para vós tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam”.
Portanto, se os pais são incompreensíveis, se a companheira é ingrata, se os irmãos parecem cruéis, é preciso renunciar à alegria de tê-los melhores ou perfeitos, unindo-nos, ainda mais, a eles todos, a fim de trabalhar no aperfeiçoamento com Jesus.
Acaso não encontras compreensão no lar? Os amigos e irmãos são indiferentes e rudes? Permanece ao lado deles, mesmo assim, esperando para mais tarde o júbilo de encontrar os que se afinam perfeitamente contigo. Somente desse modo renunciarás aos teus, fazendo-lhes todo o bem por dedicação ao Mestre, e, somente com semelhante renúncia, alcançarás a Vida Eterna”.
Afiança Léon Tolstoi[5]: “O segredo da felicidade humana reside na habilidade de saber renunciar na ocasião precisa. E aquele que sabe renunciar viverá em paz, enamorado sempre dos ideais superiores, inspirados no Amor Divino”.
Colaborador: Júnior Madruga
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