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05 abril 2012

Renúncia com o Cristo

O segredo da felicidade humana reside na habilidade de saber renunciar na ocasião precisa
“Renunciar por amor ao Cristo é perder as esperanças da Terra,
conquistando as do Céu.” 
- Emmanuel[1]

Ao mesmo tempo em que Jesus recomenda aos homens a renúncia aos bens deste mundo, prometendo-lhes os do Céu, ele afirma
[2]“Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra”.
Para tirar-nos desse aparente paradoxo, só mesmo Allan Kardec! Vejamos o que nos ensina o nobre Mestre Lionês[3]
“(...) Enquanto aguarda os bens do Céu, tem o homem necessidade dos da Terra para viver... Apenas, o que Jesus recomenda ao homem, é que não ligue a estes últimos mais importância do que aos primeiros. Por aquelas palavras quis o Mestre dizer que até agora os bens da Terra são açambarcados pelos violentos, em prejuízo dos que são brandos e pacíficos; que a estes falta muitas vezes o necessário, ao passo que outros têm o supérfluo... Promete que justiça lhes será feita, assim na Terra como no Céu, porque serão chamados filhos de Deus.  
Quando a Humanidade se submeter à Lei de Amor e Caridade, deixará de haver egoísmo; o fraco e o pacífico já não serão explorados, nem esmagados pelo forte ou pelo violento. Tal será a condição da Terra, quando, de acordo com a Lei do Progresso e a promessa de Jesus, se houver tornado um mundo ditoso, por efeito do afastamento dos maus”.
Mais adiante, as seguintes palavras de Jesus são registradas pelo Evangelista[4]:
“E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto e herdará a Vida Eterna”.
Para elucidar esse outro aparente paradoxo de Jesus, socorramo-nos, desta vez, na indiscutível sabedoria de Emmanuel1:  
“Neste versículo do Evangelho de Mateus, o Mestre Divino nos induz ao dever de renunciar aos bens do mundo para alcançar a Vida Eterna. Há necessidade, proclama o Messias, de abandonar pai, mãe, mulher e irmãos do mundo; no entanto, é necessário esclarecer como renunciar: Jesus explica que o êxito pertencerá aos que assim procederem por amor de Seu nome. À primeira vista, o alvitre divino parece contraditório contrassenso, pois, como podemos olvidar os sagrados deveres da existência, se o Cristo veio até nós para santificá-los?! Nos tempos antigos, os discípulos precipitados não souberam atingir o sentido do texto. Numerosos irmãos de ideal recolheram-se à sombra do claustro, esquecendo obrigações superiores e inadiáveis.
Fácil, porém, reconhecer como o Cristo renunciou: Aos companheiros que O abandonaram, aparece, glorioso, na ressurreição; e não obstante as hesitações dos amigos, divide com eles, no cenáculo, os júbilos eternos. Aos homens ingratos que O crucificaram, oferece sublime roteiro de salvação com o Evangelho e nunca se descuidou um minuto das criaturas... E um dia, Ele renunciou ao Seu Jardim de Estrelas para encarnar nas sombrias estâncias de um planeta de provas e expiações...
Observemos, portanto, o que representa renunciar por amor ao Cristo: É perder as esperanças da Terra, conquistando as do Céu. Isso se encontra insofismavelmente exarado no Evangelho de Mateus, capítulo seis, versículos dezenove e vinte, onde lemos: “Não ajunteis para vós tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam”.
Portanto, se os pais são incompreensíveis, se a companheira é ingrata, se os irmãos parecem cruéis, é preciso renunciar à alegria de tê-los melhores ou perfeitos, unindo-nos, ainda mais, a eles todos, a fim de trabalhar no aperfeiçoamento com Jesus.
Acaso não encontras compreensão no lar? Os amigos e irmãos são indiferentes e rudes? Permanece ao lado deles, mesmo assim, esperando para mais tarde o júbilo de encontrar os que se afinam perfeitamente contigo. Somente desse modo renunciarás aos teus, fazendo-lhes todo o bem por dedicação ao Mestre, e, somente com semelhante renúncia, alcançarás a Vida Eterna”.
Afiança Léon Tolstoi[5]: “O segredo da felicidade humana reside na habilidade de saber renunciar na ocasião precisa. E aquele que sabe renunciar viverá em paz, enamorado sempre dos ideais superiores, inspirados no Amor Divino”.
 
Colaborador: Júnior Madruga

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